geppo—grupo de estudos de performance, política e outres é um núcleo de estudos avançados em performance, vinculado ao GP LabCrítica/CNPq, coordenado pelo Prof. Dr. Sérgio Andrade (PPGDan/UFRJ). O primeiro ciclo de encontros do grupo foi realizado via plataformas digitais durante o período da pandemia Covid-19, de 23 de abril a 01 de setembro de 2020, com encontros semanais de 3h, totalizando 60h de atividades. Outros encontro esporádicos vem ocorrendo desde então, com encontros dedicados à partilha de experimentos e pesquisas em andamento.
Integrantes geppo:
Bruno Reis – Doutorando PPGArtes/UERJ • Camila Simonin – Mestranda PPGDan/UFRJ • Carolina Nóbrega – Mestranda PPGDan/UFRJ • Deisilaine Gonçalves de Souza – Mestranda PPGDan/UFRJ • Jessica Gonçalves Lima – Mestranda PPGDan/UFRJ • Giulia Fiorani – Mestranda PPGFil/PUC-Rio • Laura Vainer – Mestranda PPGDan/UFRJ • Laís Castro – Mestranda PPGDan/ UFRJ • Luciana Monnerat – Mestranda PPGDan/UFRJ • Sérgio Andrade – Docente PPGDan/UFRJ • Silvana Rocco – Mestranda PPGDan/UFRJ • Silvia Chalub – Mestranda PPGDan/UFRJ • Thaís Chilinque – Mestranda PPGDan/UFRJ
A metodologia de estudos e a organização das atividades foram estruturadas de forma colaborativa entre todxs integrantes do grupo ao longo dos encontros. A cada semana xs integrantes preparavam uma rodada de leituras, análises e debates a partir de materiais diversos (textos, imagens, vídeos, filmes e sites) organizados em cinco eixos: 1– Performatividades do poder, subjetivação e interseccionalidade; 2– Performatividades do capitalismo/Estado; 3– Endereçamentos da Dança, da Performance e Além; 4– Antropoceno, Apocalipse, Covid-19; e 5– Prego do Clubinho dos Mais (Ex)Citades (este último, não sem ironia, era voltado à revisão crítica de cânones dos estudos da performance, da filosofia política, do estudos pós-coloniais e decoloniais, entre outras dívidas epistemológicas impagáveis).
O geppo emergiu como um espaço de aprofundamento dos resultados da disciplina “EFD 704 – Estudos da Performance: Deslocamentos Decoloniais e Epistemologias de Resistência” (PPGDan/UFRJ), oferecida pelo Prof. Sérgio Andrade no primeiro semestre de 2019. Na nova etapa, em 2020, as atividades do grupo estiveram vinculadas à disciplina “EFD 705 – Dramaturgias Contemporâneas” (PPGDan/UFRJ). Os integrantes do grupo que desejaram creditar suas atividades na segunda disciplina produziram experimentos de pesquisa e criação artística em diálogo com as discussões debatidas ao longo dos encontros do geppo.
Algumas produções disponíveis online são:
Diálogos Críticos – Irmãs Brasil
Bruno Reis (Doutorando PPGArtes – UERJ)
A entrevista com o duo de performers Irmãs Brasil, formado por Vitória Jovem Xtravaganza e Viní Ventania Xtravaganza, surgiu da inquietação de pensar a relação entre corpos queer/cuirs e um certo imaginário de nação acionado pela iconografia da bandeira nacional, elemento bastante presente em diversos trabalhos das artistas. A partir das discussões do Geppo sobre as relações entre política, performance e performatividade, comecei a pensar no trabalho delas como um tensionamento bastante interessante feito por corpas travestis de um projeto de nação cada vez mais excludente. A violência contra esses corpos pode não ser uma novidade, e sim talvez um dos fundamentos dessa nação, mas agora encontra-se ativada de forma muito mais intensa diante da ascensão da extrema-direita e seu ideal de um povo branco, hétero e cisgênero. Nesta entrevista conversamos sobre a breve, mas contundente trajetória das artistas até agora e sua articulação com os temas do nacionalismo e da dissidência de gênero e sexualidade, entre outres.
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Big Data
Deisi Margarida e Carolina Nóbrega (Mestrandas PPGDan – UFRJ)
Big Data é um arquivo infinito e repetitivo de vídeos criado pelas artistas da dança Deisi Margarida e Carolina Nóbrega. Ambas pesquisam a organização coreográfica do poder, para criar vocabulários capazes de nomear a experiência somatopolítica do Brasil; e para encontrar modos de redistribuição da violência, através de dramaturgias contra-hegemônicas.
O atual trabalho investiga a inteligência idiota que estrutura os MEMEs, baseado em um jogo entre legenda e fotografia para manipular os significados de uma imagem; e nos GIFs, nos quais fragmento de movimento capturado em vídeo é repetido infinitamente para criar um universo fechado de significado. Em um jogo de hackeamento, legendagem, manipulação e reedição de vídeos já presentes na web, um número infindável de vídeos é recriado pelas artistas e devolvido na internet, buscando evidenciar coreografias patológicas que estruturam a sensibilidade capitalista online e offline.
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“porque las grandes ideas descubiertas siempre renuevan sus células muertas”
Laura Vainer (Mestranda PPGDan – UFRJ)
Estudando o conceito de ato de fala descrito por John Austin no seu “Quando dizer é fazer”, encontro em lembrança com uma música da dupla porto riquenha Calle 13. A música “Así de Grande Son Las Ideas” encerra o último álbum da dupla que se chama MultiViral e foi lançado no ano de 2014. O que conduz a experimentação entre o estudo do texto do Austin e a escuta da música é uma vontade de tradução. O desejo da língua de aprender a guerrear é o movimento que inventa o gesto de dublagem.
Letra da música >> para ginasticar a língua
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Do que é feito o chão – branquitude e performatividade
Silvia Chalub (Mestranda PPGDan – UFRJ)
Do que é feito o chão é o experimento performativo que conduz a investigação teórico-prática da pesquisa de mestrado de Silvia Chalub (PPGDan/UFRJ). O vídeo documenta as ações realizadas em Copacabana, no centro e na região portuária do Rio de Janeiro. Por ser situada e relacional, a performance foi reconfigurada e ressignificada ao longo do tempo, refletindo as desigualdades de nosso tecido urbano, sobretudo a partir do exercício dialógico com a alteridade.
Minha práxis se nutre do encontro/confronto com o outro, fator indispensável, creio, para o descentramento do sujeito e o desvelamento de novos caminhos.
Durante os encontros do Geppo, os debates sobre decolonialidade, racismo e performatividade adensaram as reflexões de Silvia acerca da questão da branquitude, levando-a a elaboração da primeira versão de um dos capítulos de sua dissertação de mestrado (em andamento).
Examino a branquitude brasileira junto à noção de performatividade de Judith Butler, a fim de acentuar as rachaduras no chão de nossa história colonial, inventar possibilidades de desvios contra-hegemônicos e contribuir para novas perspectivas antirracistas nos estudos de dança e performance.