Nos dias 10 e 11 de novembro de 2017, o seminário Trans-In-Corporados: Construindo Redes para a Internacionalização da Pesquisa em Dança, organizado pelo Laboratório de Crítica da UFRJ, ocupou fervorosamente o Museu de Arte do Rio (MAR).
As mesas de palestras, os grupos de trabalho, os debates e os experimentos artísticos se espalharam por todo o MAR e a região portuária, reunindo pesquisadores, artistas, estudantes e agentes culturais de várias partes do Brasil e de países como Alemanha, Colômbia, Estados Unidos, França, Islândia, Noruega, Portugal, Reino Unido e Uruguai. A grande circulação por entre salas, auditório e pilotis do museu, durante os dois dias do seminário, revelou o entusiasmo de todos pela partilha de conhecimentos, processos e perguntas. Um tempo-espaço necessário para o encontro.
A partir de três eixos temáticos – Performance e Performatividades da Dança, Poéticas e Interfaces da Dança e Dança-Educação – o evento promoveu o diálogo entre dezenas de investigações de/sobre dança e suas interfaces voltadas à reflexão de processos e políticas de tradução, remixação e disseminação.
A mesa de abertura refletiu sobre práticas e procedimentos em dança relacionados a memória, transdução temporal e resistência, com palestras da Profa. Dra. Ivani Santana (PPGAC – UFBA, Brasil) e do Prof. Dr. Cesar Barros (State University of New York, EUA). Com o auditório cheio, as palestras foram mediadas pela Profa. Dra. Isabela Buarque (PPGDan – UFRJ) e seguidas por intervenções do público presente. Outro destaque do dia foi a mesa de debate Circuitos artísticos e colaborações em tempos de protofascismo, temeristão, trumpismo e brexit, com os convidados Felipe Ribeiro (Festival Atos de Fala), Robin Mallick (Goethe-Institut Rio), Nayse López (Festival Panorama), Evandro Salles (Museu de Arte do Rio), Diego Dantas (Centro Coreográfico) e Fabiano Carneiro (Funarte). Os gestores e curadores debateram estratégias de colaboração artística no atual contexto econômico-político no Brasil e no mundo.
No final do primeiro dia, o livro Performar Debates – LabCrítica no Festival Panorama e Outras Dobras, organizado por Sérgio Andrade e Silvia Chalub, foi lançado com grande festa no foyer do auditório do MAR. A publicação reúne textos críticos produzidos pelo Laboratório de Crítica a partir da programação do Festival Panorama (2012-2016) e ensaios de pesquisadores do laboratório e convidados que debatem o exercício da crítica das artes, especialmente em dança e performance. A noite fechou com a performance Brinquedos para esquecer ou práticas de levante, de Lidia Larangeira.
No segundo dia do seminário, um dos destaques da programação foi o encontro inédito entre as coordenadoras do Programa de Pós-graduação em Dança da UFBA, Profa. Dra. Daniela Amoroso, e do Programa de Pós-graduação em Dança da UFRJ, Profa. Dra. Lígia Tourinho, mediado pela Profa. Dra. Maria Inês Galvão (PPGDan – UFRJ). O debate abordou os rumos da Pós-graduação em Dança no Brasil diante de uma plateia repleta de artistas, estudantes e pesquisadores. O encontro emocionou pela troca proporcionada entre a experiência de Daniela Amoroso, coordenadora do primeiro mestrado em dança do país, fundado em Salvador-BA, e o entusiasmo de Lígia Tourinho, que apresentou as perspectivas do recém-criado mestrado em dança da UFRJ, o segundo do Brasil.
A tarde de sábado foi marcada pelo debate performativo Tradução e Remixing: textualidade, som e dança, reunindo palestras-performances de Maria Alice Poppe, Tato Taborda e Daniella Aguiar. Os artistas-pesquisadores performaram com diferentes mídias formas inusitadas de apresentação de pesquisa artística-acadêmica.
Trans-In-Corporados se encerrou com a mesa Pesquisa em Artes e Disseminação, com palestras de Maurício Lissovsky, professor da ECO-UFRJ, representante da área de Ciências Sociais Aplicadas na CAPES, e Cristina Fernandes Rosa, professora da University of Roehempton (Reino Unido). O debate com os presentes levantou questões sobre as perspectivas e desafios para a internacionalização da pesquisa em artes produzida no Brasil.
Os experimentos artísticos atravessaram toda a programação, com ações dentro e fora do museu, construindo a poética de um corpo que dança-e-pensa. Evoé!